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​A RELAÇÃO ENTRE TDAH E DESEMPENHO ESCOLAR
Publicado em 25/07/2018 por Alessandra Aranda Nicolau Pedagoga. Mestre em Educação pela Universidade Estadual Paulista (UNESP/FFC/ Marília). Consultora Pedagógica, atuando principalmente na aprendizagem formativa e problemas de aprendizagem com ênfase em cursos de capacitação na formação de professores. Coautora do livro A Pedagogia da Responsabilidade Integral e a BNCC. Palestrante e conferencista com foco nos temas Inclusão e Formação Humana.

O objetivo é apresentar estratégias educacionais para escolares que demonstram fortes indícios de comportamentos relacionados ao Transtorno de Atenção e Hiperatividade (TDAH), associados a um baixo desempenho escolar. Participaram deste estudo, escolares de gênero feminino e masculino, com idades entre 7 e 12 anos, observados em uma escola particular em Londrina/PR.

Segundo o DSM IV (2002), o TDAH é caracterizado por sintomas persistentes de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade que são inconsistentes e inadequados com o nível de desenvolvimento da criança. De acordo com Capellini (2010), os escolares com TDAH devem permanecer em sala de aula de ensino regular, com pequenas intervenções no ambiente estrutural, modificação de currículo e adequações de estratégias no contexto acadêmico, pois o sucesso destes escolares exige uma série de intervenções clínicas e educacionais. Os escolares com TDAH são capazes de aprender, pois não apresentam déficits no processamento da informação, mas têm dificuldades de se sair bem nas atividades diárias e escolares devido ao mau desempenho que os sintomas do TDAH acarretam. Os sinais de desatenção, impulsividade e hiperatividade em escolares que ficam agitados sem necessariamente existir um estímulo causando tal alteração, são percebidos primeiramente pela família ou no ambiente escolar. Os pais e professores, além de observarem a intensidade, a frequência e a persistência destes sintomas, precisam também verificar como entendem as regras e instruções, mesmo que possuam dificuldades em obedecê-las (ROHDE, L. A. & MATTOS, P., 2003; BARKLEY, R., 2008).

Os procedimentos adotados envolveram entrevistas com as professoras, coordenação pedagógica, orientação educacional e com as famílias dos escolares, além de análise de suas atividades escolares e observação em sala de aula. Neste sentido e mesmo antes da conclusão do diagnóstico, os professores foram orientados a adaptar o planejamento de aula com pequenas modificações no ambiente e no procedimento da aula. De acordo com Nicolau et al. (2012), em sala de aula, o escolar com sinais de TDAH deve estar sentado sempre na primeira fila, longe da janela e da porta, para a diminuição de estímulos distratores; ser o “ajudante” da professora para distribuir deveres ou pegar algo fora da sala; tarefas curtas, com explicações divididas para cada parte da atividade, intercaladas com atividades físicas; tempo extra para atividades que requeiram concentração com pequenos intervalos para retomar a atenção; procurar elogiar e incentivar o escolar nas coisas que possui habilidade, como contraponto para a autoestima se manter alta; cultivar uma dose extra de paciência, pois os limites e as regras terão que ser verbalizadas inúmeras vezes; entre outras estratégias que não modificam os conteúdos em si, mas a forma como devem ser recebidos pelo escolar. Em casa os pais também receberam orientações: cada tarefa deverá ser seguida de um pequeno intervalo negociado previamente com o adulto que o acompanha; ensinar e estimular o uso de agenda para anotar recados, bilhetes e listas de coisas a serem feitas; construir um quadro ou mural para anotar a entrega de tarefas e trabalhos.

Os dados obtidos quanto a fatores ligados à família e à forma como a escola lida com o caso foram determinantes na evolução do quadro oportunizando uma melhora significativa nos escolares com este perfil, outros escolares ainda mantiveram sinais de baixo desempenho na aprendizagem em detrimento a comprometimentos na atenção e/ou impulsividade. Nestes casos, com resultados inalterados, chega a hora de uma abordagem multidisciplinar: avaliação e intervenção neurológica, neuropsicológica, fonoaudiológica, psicopedagógica e demais áreas afins. Enfim, a escola deve assumir seu papel psicoeducacional e o professor, bem informado para reconhecer os sinais precoces do portador de TDAH, fica capacitado para realizar o primeiro filtro de habilidades e desabilidades.

Referências:

BARKLEY, R. A. Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade – Manual para Diagnóstico e Tratamento. 3ª ed. São Paulo: Artmed, 2008.

CAPELLINI, S. A. Orientação aos pais e professores de escolares com transtornos de aprendizagem e transtornos de atenção. In: CAPELLINI, S. A.; GERMANO, G. D.; CUNHA, V. L. O. (Org.). Transtornos de aprendizagem e transtornos da atenção – da avaliação à intervenção. São José dos Campos, SP: Pulso Editorial, 2010. p. 105-111.

DSM-lV-TR – Manual diagnóstico e estatístico dos transtornos mentais. Trad. Claudia Dornelles. 4ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2002.

NICOLAU, A. A. et al. Intervenção multidisciplinar no Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade. In: CAPELLINI, S. A.; SAMPAIO, M. N.; OLIVEIRA, A. M. (Org.). Tópicos em transtornos da aprendizagem – parte ll – com ênfase na perspectiva interdisciplinar. São José dos Campos, SP: Pulso Editorial, 2012. p. 193-205.

ROHDE, L. A.; MATTOS, P. Princípios e práticas em transtorno de déficit de atenção/hiperatividade. Porto Alegre: Artmed, 2003.

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