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​Natureza pedagógica
Publicado em 07/06/2018 por Clodomiro José Bannwart Júnior é Coautor dos Livros "Responsabilidade Integral: Metodologia estratégica para o desenvolvimento pessoal, corporativo e educacional” e “A Pedagogia da Responsabilidade Integral e a BNCC”. Professor de Ética e Filosofia Política na Universidade Estadual de Londrina.

Natureza pedagógica

Clodomiro José Bannwart Júniorlogos analisam os indivíduos, ao passo que os cientistas políticos consideram as instituições sociais. Os primeiros enxergam árvores; os segundos, as florestas. No hiato entre indivíduo e sociedade está a ação humana que, em parte, reproduz os valores partilhados comumente e, em parte, os hábitos pessoais assimilados nas experiências corriqueiras do dia a dia. Para os teóricos da ação resta saber qual das duas vertentes possui maior influência na determinação do agir: os valores sociais ou a autodeterminação privada do indivíduo? 

Em nossa época, a primazia parece recair no indivíduo, a começar pelos produtos a ele destinado: Ipad, Iphone, pau de selfie e muita literatura de autoajuda com pouco comportamento de mútua ajuda. Contudo, uma árvore isolada no descampado tende a fragilizar-se e a não resistir às intemperes. A árvore somente se realiza plenamente se estiver na floresta, sendo ela própria floresta.
A natureza sempre foi uma inesgotável fonte pedagógica. Quanto Aristóteles afirmou que nada é destituído de finalidade na natureza, estava admitindo que todos os seres concorrem para a realização de um fim peculiar. Há, pois, na natureza, uma diversidade de fins que formam uma harmonia integrada. A diversidade, quando conexa, desenha o equilíbrio dos ecossistemas. Daí a associação que os cristãos medievos fizeram entre natureza e música. A harmonia de sons diversos se assemelha à beleza da natureza, como expressão da realização estética presente na obra da criação.
O desafio da democracia é contribuir para que a variedade de árvores forme florestas, sem que determinadas espécies se sintam exclusivas a ponto de afastar as espécies exóticas. Os movimentos minoritários têm sido um bálsamo quando nos fazem lembrar que somos partes de uma mesma natureza, independente do fim que cada um, em sua livre consciência, venha a perseguir.

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